Trecho da entrevista realizada pelo Diário de Pernambuco com o Governador de Pernambuco
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, encerra o ano de 2012 acrescentando mais um item no discurso nacionalizado que vem adotando nos últimos meses. O socialista reforça a realização das eleições (gerais e municipais) no mesmo ano como uma forma de evitar a eleitoralização permanente do debate político. “Precisamos coincidir as eleições em um ano só. Caso contrário, o país vai continuar sangrando e ouvindo um debate totalmente desprovido de propósitos”, alertou.
Ao retomar essa bandeira, o socialista estimula as avaliações que apontam o nome dele com um dos pré-candidatos à sucessão da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Mesmo sem admitir tal hipótese, de disputar a eleição, Eduardo tem trazido para o centro das discussões temas nacionais, a exemplo da construção de um novo pacto federativo, a divisão igualitária dos royalties do petróleo e uma melhor distribuição dos recursos federais para estados e municípios.
Na entrevista de fim de ano ao Diario de Pernambuco, o governador Eduardo Campos reforçou a disposição do PSB em ajudar a presidente Dilma a retomar o crescimento do país em 2013, descartou um possível estremecimento do PSB com o PSD, partido que ajudou a fundar, e falou sobre temas polêmicos da sua gestão como a construção de viadutos na Avenida Agamenon Magalhães e do Projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe.
O governador também fez um balanço das ações nas áreas da saúde, educação, da redução da criminalidade e das medidas adotadas pelo governo para enfrentar a seca nos municípios pernambucanos. Em relação às últimas denúncias envolvendo o ex-presidente Lula (PT), Eduardo optou por não falar mais sobre o assunto. “Prefiro, nesse momento, expressar aqui, o que muitos pernambucanos gostariam de nos ver expressando ao presidente Lula, que ele possa ter um Natal de tranquilidade e um ano de 2013 melhor que o ano de 2012”. Abaixo a entrevista do governador:
Como o senhor avalia as críticas feitas ao setor da saúde do estado, principalmente quando se refere às consultas médicas?
Consulta, no caso, não é tarefa do estado. É do município. Tem que perguntar isso ao prefeito. O SUS tem claramente hierarquizado as responsabilidades. A responsabilidade da União é de definir as políticas e financiar. Aos estados cabem implementar as políticas das grandes urgências, supervisionar o trabalho. Da parte que nos cabe, estamos cuidando. Vocês (jornalistas) nunca mais fizeram uma foto, como era comum se fazer, com os corredores lotados, com falta de leito de UTI. Nós interiorizamos a presença de UTI, estruturamos as principais linhas de cuidado da cardiologia, da neurologia, do trauma, da ortopedia. Esses desafios estão sendo feitos. Mas ainda tem muito por fazer.
Existe uma corrente que defende a tese de que seria melhor cuidar dos hospitais da rede ao invés de construir novas unidades?
Começamos esse ano o processo para colocar especialidades (médicas) no interior, que é uma das coisas que sobrecarregam a rede na Região Metropolitana. É por isso que estamos construindo Upas nos principais polos, a exemplo de Petrolina, Garanhuns, Caruaru e Serra Talhada. É provável que a gente possa inaugurar no primeiro semestre do próximo ano. Enquanto não chega, os municípios têm que fazer. O próprio Geraldo (o prefeito eleito do Recife, Geraldo Julio) se comprometeu não só a fazer as Upinhas, mas construir o Hospital da Mulher e cuidar de especialidades no Recife.
E sobre o Hospital Oswaldo Cruz, onde deputados de oposição estiveram fazendo uma fiscalização?
Temos que ter toda solidariedade. Buscar resolver. Não é uma coisa singela. Enfrentamos essa realidade no Hospital da Restauração, no Barão de Lucena. Havia aquela conversa de estar fazendo o novo e não estar cuidando do velho. Fizemos os novos, a rede de Upas, para garantir que eles funcionem, e cuidamos dos velhos. Todos eles têm obras, têm ação e estão funcionando. E tem um hospital que é universitário. Existe uma autonomia universitária, um reitor eleito e diretor do hospital eleito. Já tivemos várias crises nesse hospital ao longo de vários governos e tivemos, assim que chegamos (no governo do estado), uma crise no Procape. Ajudamos a resolver sem ferir a autonomia universitária. Quando teve a primeira crise nesse hospital nós pagamos integralmente a dívida. Contratamos um número de leitos. Agora, ele é de uma gestão da universidade. Os recursos são os mesmos.
E em relação à seca? O senhor acha que as medidas adotadas pelo governo federal não estão sendo suficientes? Na sua avaliação, o governo tardou no socorro?
A seca é algo que nós, nordestinos, estamos acostumados. Por saber da importância dos recursos hídricos, quando fui candidato a primeira vez ao governo do estado já coloquei na dimensão estratégica a questão dos recursos hídricos. Mostrava que tínhamos secas com pouca infraestrutura nos municípios. Estamos enfrentando uma nova estiagem e estamos trabalhando. Inventamos o PAA para comprar, a preços justos, a cabra, o carneiro em condições de não dilapidar o patrimônio familiar. Colocamos para funcionar cinco abatedouros para operar nesse momento de urgência, fizemos um conjunto de obras com adutoras. Além de fazer obras, vamos universalizar cisternas, botar 300 dessalinizadores nos pontos mais críticos, fizemos 87 sistemas (de água) de cidades que estão funcionando neste momento. Então, cuidar de tudo isso é você legar uma visão de convivência com a seca e de recursos hídricos.
Em relação aos viadutos da Avenida Agamenon Magalhães o senhor já tem alguma definição?
A definição foi dialogar. Os estudos estão sendo entregues agora no fim do mês. A gente fez um diálogo com uma série de técnicos. Com pessoas que têm uma visão crítica, de diversas entidades, profissionais liberais, professores universitários dessa área. Estamos esperando esse estudo. Vamos enviar para o prefeito Geraldo Julio para que ele, com o nosso pessoal, e com essas pessoas, possa construir um entendimento e um consenso. Vamos fazer isso com o espírito democrático do que for melhor para a cidade. Se encontrarmos saídas sem fazer viaduto, não tem nenhum problema. O objetivo não é fazer viaduto, é fazer a cidade ter uma mobilidade melhor.
O senhor vai tomar a decisão junto com o prefeito?
Vou tomar decisão junto com ele, claro. Uma obra dentro da cidade tem que ter licenciamento da prefeitura e um diálogo com a sociedade, com os envolvidos que é tudo que um governo democrático deve fazer. Nós não temos postura de dono da verdade. Vamos fazer esse debate, conversando com a autoridade legitimamente eleita pelo povo, que é o novo prefeito da cidade e vamos encontrar uma solução.
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